Podemos pede provas sobre alegado suborno ao presidente do partido moçambicano

O partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), líder da oposição, pediu hoje ao ativista social Adriano Nuvunga provas do alegado suborno ao presidente daquela força política, após o Ministério Público (MP) arquivar o processo.

Podemos pede provas sobre alegado suborno ao presidente do partido moçambicano

“Nós conhecemos o senhor Adriano Nuvunga como professor que é também defensor da causa pública e, trazendo esta questão sobre a acusação, pede-se que traga as provas”, disse à Lusa o porta-voz do Podemos, Duclesio Chico, em conferência de imprensa, em Maputo.

O Ministério Público moçambicano anunciou na quinta-feira que arquivou o processo em que investigava um alegado suborno ao presidente do partido Podemos, Albino Forquilha, para abandonar a “verdade eleitoral”, após queixa submetida em janeiro pela organização não-governamental moçambicana Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD).

“É uma informação de pessoas que se dizem próximas a esta operação. Nós viemos aqui para fazer a denúncia à instituição competente e esta deverá fazer auditoria dos seus gastos públicos e património a partir de uma certa altura”, declarou à comunicação social Adriano Nuvunga, diretor do CDD, após submeter o documento nas instalações do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), em Maputo.

O partido Podemos, que igualmente submeteu ao MP uma queixa-crime contra Adriano Nuvunga, acusando-o de “difamação” contra o seu presidente, Albino Forquilha, apontou hoje serem necessárias as provas de acusação, destacando que a acusação prejudicou “material e emocionalmente” o líder do partido.

“Foi destruída a casa do presidente, a família foi ameaçada, alguns membros do partido também, foram invadidas as suas residências, fomos quase ameaçados de morte e sem falar da invasão à pertença do contacto pessoal do presidente partilhado nas redes sociais”, disse Duclesio Chico.

Segundo a denúncia do CDD, Albino Forquilha terá, supostamente, recebido uma quantia de 219 milhões de meticais (3,3 milhões de euros) para “vender a justiça eleitoral”.

A denúncia do CDD surgiu após ser tornada pública a divergência entre o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que liderou a maior contestação aos resultados eleitorais de sempre em Moçambique, e o partido que o suportou, o Podemos, até ao ano passado uma formação política extraparlamentar que agora é a principal força da oposição no país.

O presidente do Podemos, Albino Forquilha, tinha antes admitido existirem divergências na “estratégia de luta” entre o partido e Mondlane, defendendo o fim das manifestações para o diálogo.

Registado em maio de 2019 e composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o Podemos viu a sua popularidade aumentar desde o anúncio, em 21 de agosto, do apoio à candidatura de Mondlane nas presidenciais, em resultado de um “acordo político”, pouco tempo depois de Mondlane ter a sua coligação (CAD) rejeitada pelo Conselho Constitucional por “irregularidades”.

O ex-candidato presidencial, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro que deram a vitória a Daniel Chapo, empossado em janeiro como quinto Presidente de Moçambique, convocou desde 21 de outubro protestos que, em cinco meses, provocaram cerca de 390 mortos em confrontos com a polícia, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando igualmente em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Contudo, em 23 de março, Venâncio Mondlane e Daniel Chapo encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de cessar a violência no país.

PME(EAC) // JMC

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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