ONU diz que magnitude do desastre continua incerta em Myanmar
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou hoje que a “magnitude do desastre” provocado pelo sismo de magnitude 7,7 em Myanmar “continua incerta”, mais de 72 horas após o devastador terramoto.

Em comunicado, a equipa da organização multilateral em Myanmar (antiga Birmânia) relatou uma “destruição generalizada” e comunidades inteiras devastadas pelo sismo, que atingiu o país na sexta-feira, com epicentro na região de Sagaing, no centro-norte de Myanmar.
“Os hospitais das regiões afetadas estão sobrecarregados e as rotas de comunicação e transporte foram severamente interrompidas. Milhares de pessoas estão a dormir ao relento, temendo tremores secundários e incapazes de regressar às suas casas danificadas”, refere o comunicado.
O chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, que está no poder desde o golpe de 2021, afirmou no domingo que o sismo fez 1.700 mortos, além de 3.400 feridos.
Entretanto, a agência de notícias local independente Mizzima aumentou hoje o número de mortos para cerca de 3.000, enquanto as organizações não-governamentais (ONG) e fontes no local dizem que a destruição nas cidades de Mandalay — a segunda maior cidade – e Sagaing, as mais próximas do epicentro, é extensa.
A junta militar decretou hoje sete dias de luto nacional, até 06 de abril, como “um reconhecimento para a perda de vida e pelos danos causados” pelo sismo, que destruiu milhares de edifícios, estradas e pontes.
As Nações Unidas exigiram hoje “acesso irrestrito” para o envio de pessoal humanitário para o país, que vive um conflito armado que se agravou desde o golpe militar em 2021.
O relator especial da agência para a Birmânia, Tom Andrews, avisou no sábado que a junta militar birmanesa está a usar a ajuda militar como “arma”.
O coordenador humanitário da ONU no país do Sudeste Asiático, Marcoluigi Corsi, disse que a agência está a mobilizar equipas de emergência médica, materiais de abrigo, alimentos, água, saneamento e ajuda de higiene, “apesar dos graves desafios logísticos”.
“Esta última tragédia agrava uma crise já terrível e ameaça minar ainda mais a resiliência das comunidades já afetadas por conflitos, deslocações e desastres anteriores”, disse.
A ONU estima que cerca de 20 milhões de pessoas, um terço da população, foram afetadas de formas distintas pelo terramoto.
As Nações Unidas apelaram urgentemente aos doadores para que “forneçam rapidamente o financiamento necessário e flexível” para ampliar a resposta no local, onde foram mobilizadas equipas de ajuda de vários países.
Equipas de resgate prosseguiam hoje as buscas para procurar sobreviventes, enfrentando dificuldades para chegar às zonas mais afetadas. As autoridades birmanesas e grupos humanitários antecipam que os números de mortos avancem com o passar das horas e os dados oficiais sejam compilados.
Por outro lado, a junta militar está a negar a entrada da imprensa estrangeira para cobrir o sismo, o que justifica com dificuldades em encontrar habitação e cortes de energia e água.
A junta impõe um controlo apertado sobre a imprensa, com vários meios de comunicação independentes e jornalistas forçados ao exílio ou a operar no estrangeiro após o golpe.
A ONG Freedom House declara a Birmânia como um país “não livre”.
JH //APN
By Impala News / Lusa
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