Montenegro promete agricultura mais autossustentável mas recusa protecionismos

O presidente do PSD prometeu hoje aliviar regras burocráticas aplicadas aos agricultores portugueses e tornar o setor mais autossustentável, reduzindo gradualmente o défice comercial, mas sem qualquer protecionismo e com acordo fechado com o Mercosul.

Montenegro promete agricultura mais autossustentável mas recusa protecionismos

Estas posições foram defendidas por Luís Montenegro, num primeiro momento em conversa com agricultores da região do Oeste e, depois, num breve discurso que fez após ter visitado a Adega da Vermelha, no Cadaval.

O primeiro-ministro referiu que há um ano Portugal apresentou um défice comercial na agricultura na ordem dos cinco mil milhões de euros, mas que esse défice já caiu para os 4,4 mil milhões de euros, menos 600 milhões de euros.

O caminho, acentuou, é continuar a baixar o défice, de forma a tornar Portugal autossustentável do ponto de vista agrícola. O investimento e o desenvolvimento da agricultura, na perspetiva do líder do executivo, são políticas fundamentais para a coesão social e territorial do país.

Mas Luís Montenegro também aproveitou para se demarcar da posição de alguns agricultores que são contra a concretização do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Porém, o líder da AD — coligação PSD/CDS, de forma diplomática, falou especificamente apenas do Governo francês para criticar essa visão protecionista.

De acordo com o primeiro-ministro, a conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul é a solução para se “exigir reciprocidade” em termos de cumprimento de regras ambientais e de controlo sanitário” — e não o contrário.

Deixou mesmo um aviso: “Não temos de ter medo disso. Quem quiser fechar-se numa concha para proteger hipoteticamente o seu interesse, quando acordar, vai ficar com a sua prateleira [de vendas] cheia. Vai ver ver a prateleira do outro completamente vazia”.

“Tenho sido um grande defensor do acordo da União Europeia com o Mercosul e, ao contrário do que pensam, por exemplo, os franceses, este acordo é aquele que nos permite ter alguma reciprocidade na aplicação das regras sanitárias, das regras ambientais”, sustentou.

Durante o almoço, vários agricultores queixaram-se ao primeiro-ministro do excesso de burocracia nacional e do peso das regras ambientais e sanitárias europeias impostas aos produtores.

Neste ponto, Luís Montenegro reconheceu o problema. Admitiu mesmo que, a nível europeu, se “impõe sofrimento” aos agricultores. Uma atitude que classificou como “masoquista”. E, neste contexto, deixou uma promessa.

“É preciso simplificar, tirar complexidade à relação dos agricultores, dos produtores e dos criadores com a administração pública. É preciso que, a nível nacional e europeu, tenhamos regras que sejam equivalentes aos outros mercados com os quais nós nos confrontamos na venda dos nossos produtos”, frisou.

Antes do almoço, Luís Montenegro fez uma breve visita à fábrica da Adega da Vermelha, de onde saem anualmente cerca de oito milhões de litros de vinho, quase 60% para exportação.

Na fase dos brindes, o presidente do Conselho de Administração da Adega da Vermelha, Rui Soares, pediu apoios ao setor primário e deixou elogios ao atual executivo PSD, CDS-PP, em especial ao ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes.

A seguir, em conversa com outros agricultores, Luís Montenegro voltou a ouvir elogios ao seu ministro, o que o levou a salientar a ação de José Manuel Fernandes no plano europeu em defesa da agricultura nacional.

Mas também aproveitou para fazer humor: “O ministro da Agricultura é muito importante, mas quem dá as orientações ao ministro da Agricultura sou eu”. Um comentário que motivou prolongadas gargalhadas entre os presentes.

Perante o primeiro-ministro, Rui Soares defendeu ainda ser importante captar os jovens para “o setor primário, com uma qualificação cada vez maior”.

Com uma faturação de cerca de nove milhões de euros por ano, a Adega da Vermelha reúne cerca de 500 produtores e o maior destino das suas exportações são os Estados Unidos da América,

Questionado se está preocupado com as tarifas adicionais que poderão vir a ser impostas pela administração norte-americana ao setor vinícola, o administrador disse não levar muito a sério o que Donald Trump afirmou no início do seu mandato.

“Ele está a compreender e está a haver negociações em Bruxelas com os Estados Unidos, e está a haver uma sensibilidade”, considerou.

 

PMF/SMA // SF

By Impala News / Lusa

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