Libertados sete jornalistas turcos detidos por cobrir protestos em Istambul 

Sete jornalistas turcos detidos na segunda-feira por cobrirem os protestos em Istambul contra a prisão do presidente da câmara local, Ekrem Imamoglu, principal rival político do chefe de Estado Recep Tayyip Erdogan, foram hoje libertados, embora provisoriamente.

Libertados sete jornalistas turcos detidos por cobrir protestos em Istambul 

Os sete jornalistas, cujas razões para a respetiva libertação são desconhecidas, foram detidos nas primeiras horas da manhã de segunda-feira nas suas casas durante uma vasta rusga ordenada pelo Ministério Público turco para prender os alegados envolvidos nos protestos em massa que têm vindo a ocorrer desde quarta-feira da semana passada.

Os libertados são Bülent Kiliç, fotógrafo galardoado com o prémio World Press Photo em 2015 e 2016, Yasin Akgül, fotojornalista da agência francesa AFP, Ali Onur Tosun, repórter do canal turco Now Haber, Zeynep Kuray, uma editora ‘freelance’ detida várias vezes no passado pela sua cobertura das zonas curdas, Kurtulus Ari, fotógrafo oficial do município de Istambul, Gökhan Kam, fotógrafo oficial do município de Bakirköy, um bairro de Istambul, e Hayri Tunç, um jornalista que também foi detido no passado.

Os repórteres foram detidos sob a acusação de “participarem em concentrações e marchas ilegais” e de “não dispersarem apesar dos avisos” e, como prova, a acusação utilizou o seu próprio trabalho jornalístico, documentando que estavam a cobrir os protestos.

“Embora toda a gente saiba que sou jornalista, fui detido por ter ido a uma manifestação”, declarou Bülent Kiliç à saída da prisão, citado pela imprensa turca.

“Como jornalista, sempre soube que um dia a minha casa seria invadida, mas nunca imaginei que seria detido e preso por participar num protesto como repórter”, acrescentou, por sua vez, Ali Onur Tosun.

O ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya, disse hoje nas redes sociais que, até agora, 1.879 pessoas foram detidas nos protestos que começaram na quarta-feira da semana passada.

Entre os detidos, alguns jornalistas e académicos ainda estão na prisão. O jornalista e romancista Baris Ince, preso há quatro dias em Izmir, continua detido.

Na quarta-feira, quer a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) quer a agência noticiosa AFP apelaram às autoridades turcas para que libertassem os jornalistas detidos, considerando “inaceitável” que tenham sido presos quando exerciam a sua profissão.

Ekrem Imamoglu, acusado de corrupção, foi preso a 19 de março e, no domingo passado, foi escolhido pelo Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), principal força da oposição turca, para ser candidato presidencial nas eleições previstas para 2028, sendo visto como o principal rival de Erdogan.

A oposição pede a antecipação das presidenciais e considera que o processo judicial contra Imamoglu, que nega as acusações, é uma manobra do atual Governo de Erdogan para barrar o caminho do popular presidente da câmara até à presidência.

Desde então que os protestos de rua contra a detenção de Imamoglu têm vindo a aumentar e a ganhar dimensão em várias cidades do país, apesar de as autoridades turcas considerarem ilegais quaisquer tipos de manifestações.

 

JSD // SCA  

By Impala News / Lusa

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