Estados Unidos querem ser o parceiro número um de Angola

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Angola assegurou que Washington mantém o compromisso de longo prazo com Angola e com África e quer ser o “parceiro número um” de Luanda, apesar das mudanças da administração Trump.

Estados Unidos querem ser o parceiro número um de Angola

Em entrevista à Lusa, James Story, que assumiu a chefia interina da missão diplomática norte-americana em outubro de 2024, após a saída do embaixador Tulinabo Mushingi, sublinhou que “o compromisso dos EUA com África é para ficar” e que Angola continua a ser uma prioridade, mesmo após a recente mudança de administração nos Estados Unidos, com o regresso de Donald Trump à Casa Branca.

“Eu acho que a relação entre os Estados Unidos e Angola é muito boa. Obviamente, qualquer administração vai ter uma mudança. Estamos num processo de revisão dos projetos que foram feitos para a USAID [Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional] e [a avaliar] como o Departamento de Estado pode fazer esses projetos no futuro. Mas o compromisso com África mantém-se”, assegurou.

Nos primeiros dias do seu segundo mandato, Trump suspendeu toda a ajuda internacional durante 90 dias, e interrompeu o financiamento à Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), determinando uma revisão de todos os projetos apoiados.

Numa visita histórica a Angola em dezembro de 2024, o ex-Presidente norte-americano Joe Biden declarou que “África é o futuro”, uma visão estratégica que, segundo James Story, se mantém, com enfoque nas parcerias público-privadas.

“Os Estados Unidos querem ser o parceiro número um de Angola. Trabalhando com Angola, com o povo angolano e também com outros parceiros internacionais”, sublinhou.

Neste âmbito, o diplomata destacou a recente visita ao Corredor do Lobito — infraestrutura ferroviária que atravessa Angola até à fronteira com a República Democrática do Congo, apoiada por Washington e pela União Europeia no âmbito da Parceria para Infraestruturas e Investimentos Globais (PGII) —, organizada pelos EUA com a presença de mais de uma dezena de embaixadores europeus.

“As oportunidades são enormes”, frisou, sublinhando que o objetivo passa por apoiar o desenvolvimento nacional e garantir acesso a minerais críticos essenciais para a economia do século XXI, bem como aumentar as trocas comerciais e concretizar parcerias.

Segundo James Story, a nova administração Trump está empenhada em reforçar a relação com Angola e na concretização dos projetos já anunciados.

“Queremos ver projetos a sair do papel”, sublinhou.

Outro ponto alto que sinaliza a importância atribuída a Angola na agenda internacional de Washington, é a realização em Luanda, entre 22 e 25 de junho próximo, de uma cimeira internacional de negócios que reunirá representantes governamentais, empresariais e institucionais de 40 países.

A  17.ª Cimeira de Negócios EUA-África 2025 vai reunir mais de 2.500 empresas nacionais e estrangeiras na capital angolana e o encontro contará com a presença de altos responsáveis da administração norte-americana, avançou o diplomata, sem indicar nomes.

James Story despede-se de Angola ao fim de sete meses como encarregado de negócios dos Estados Unidos, num período marcado pela transição na Casa Branca, guerras comerciais e interrogações sobre a estratégia norte-americana para África e projetos como o Corredor do Lobito.

Story será substituído por Jeremey Neitzke, atualmente chefe-adjunto da missão diplomática norte-americana em Moçambique.

 

*** Raquel Rio (texto), Marcos Focosso (vídeo) e Ampe Rogério (fotos), da agência Lusa ***

RCR // MLL

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By Impala News / Lusa

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