Bolsonaro declara esperar “ajuda de fora” em manifestação que reúne milhares em São Paulo

O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse que espera receber “ajuda de fora”, num protesto que reuniu hoje milhares de pessoas, em São Paulo, que pediram amnistia para os condenados pelos ataques de 08 de janeiro de 2023 em Brasília.

Bolsonaro declara esperar

“Nós temos esperança. O movimento aqui hoje é pela liberdade das pessoas de bem, mães, pais, irmãos e avós, pessoas que nunca pegaram arma na sua vida e estão entre os condenados e respondendo processo”, disse Bolsonaro, referindo-se aos mais de 1.400 apoiantes detidos junto à sede do Exército, em Brasília, após realizarem ataques violentos às sedes dos Três Poderes, e que estão a ser julgados desde o ano passado por vários crimes.

“Nós temos como sair dessa situação. Não se preocupem comigo (…) Tenho esperança que, de fora, venha alguma coisa para cá”, acrescentou, referindo o seu filho e deputado federal (atualmente suspenso de funções a seu pedido) Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos conduzindo uma campanha para denunciar uma alegada perseguição política contra ‘bolsonaristas’ e políticos conservadores no país sul-americano.

A manifestação de hoje ocorre uma semana após o ex-Presidente e líder da extrema-direita brasileira saber que vai a julgamento por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, num processo baseado em investigações policiais que o indiciam por ter liderado uma alegada organização criminosa que atuou em várias frentes para o manter no poder e que incentivou os ataques a Brasília, uma semana após a posse do atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com Bolsonaro, “a grande maioria do povo brasileiro entende as injustiças” cometidas no julgamento dos presos nos ataques à capital do país e, agora, caberia ao parlamento “fazer justiça” e conceder amnistia a esses presos.

Uma sondagem divulgada hoje pela empresa Quaest, porém, indica que 56% dos brasileiros é a favor de que os condenados pelos ataques de 08 de janeiro de 2023 permaneçam presos. Já 34% dos inquiridos defenderam que os ‘bolsonaristas’ presos sejam soltos, 18% disseram acreditar que eles nem deveriam ter sido presos e 16% que eles devem ser soltos porque já estão presos há tempo demais.

O ex-Presidente, que pode incorrer numa pena de até 40 anos de prisão se for condenado, também alegou que membros do sistema judiciário teriam influenciado as eleições presidenciais em favor de Lula da Silva e que agem agora para o prender.

“Vamos falar quem deu golpe em outubro de 2022? Quem tirou Lula da cadeia? O cara condenado em três instâncias por corrupção, por lavagem de dinheiro, é tirado da cadeia. (…) Quem pesou a mão por ocasião das eleições? O golpe foi dado, tanto é que o candidato deles está lá”, disparou Bolsonaro.

“Se acham que vou desistir, que vou fugir, estão enganados. Fiz um juramento de defender minha pátria com o sacrifício da minha própria vida. O que os canalhas querem não é a verdade, eles querem me matar porque sou um espinho na garganta deles, porque mostrei a vocês que o Brasil tem jeito”, acrescentou.

Bolsonaro e os seus apoiantes têm intensificado ações de rua para fazer pressão sobre o parlamento, que discute um projeto de amnistia, e campanhas massivas na internet para manter a sua liderança na oposição. Há cerca de duas semanas convocou uma manifestação em Copacabana, Rio de Janeiro, que terá reunido cerca de 18 mil pessoas.

Segundo estimativas do Monitor do Debate Político, vinculado à Universidade de São Paulo (USP) e ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o protesto convocado por Bolsonaro hoje na avenida Paulista reuniu 45 mil pessoas.

O ex-Presidente também tenta obter apoio nas ruas para reverter a sua inelegibilidade por oito anos decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), visando concorrer à Presidência do Brasil nas eleições de 2026.

CYR // MLL

By Impala News / Lusa

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