Amnistia Internacional acusa paramilitares sudaneses de violência sexual sistemática

A Amnistia Internacional acusou o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido do Sudão de violência sexual sistemática, no âmbito da guerra civil que assola o país africano.

Amnistia Internacional acusa paramilitares sudaneses de violência sexual sistemática

Cairo, 10 abr 2025 (Lusa) – A Amnistia Internacional (AI) acusou hoje o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) do Sudão de violência sexual sistemática, no âmbito da guerra civil que assola o país africano.

Num relatório, o grupo de defesa dos direitos humanos denuncia a violação de pelo menos 36 mulheres e jovens entre abril de 2023 e outubro de 2024.

“As mulheres não lideram nem participam nesta guerra, mas somos nós que estamos a sofrer mais. Quero que o mundo inteiro saiba do sofrimento das mulheres e raparigas sudanesas e quero que todos os homens malvados que nos violaram sejam punidos”, disse uma sobrevivente de violência sexual em Omdurman, cidade perto da capital Cartum, citada no comunicado da AI.

Através de 30 entrevistas com sobreviventes e familiares, que residem em campos de refugiados no Uganda, a organização não-governamental (ONG) documentou que os soldados das RSF “agrediram ou violaram em grupo 36 mulheres e raparigas com apenas 15 anos, além de outras formas de violência sexual, em quatro estados sudaneses” durante o período analisado.

“O mundo tem de agir para pôr termo às atrocidades das RSF, interrompendo o fluxo de armas para o Sudão, pressionando os seus dirigentes para que ponham termo à violência sexual e levando os responsáveis, incluindo os comandantes superiores, à justiça”, apelou o diretor regional para o impacto dos direitos humanos da AI Deprose Muchena.

Ainda de acordo com a ONG, as RSF estão a utilizar a violência sexual como “ferramenta para humilhar, controlar e deslocar comunidades em todo o país”, o que pode constituir “crimes de guerra e possíveis crimes contra a humanidade”, no âmbito da guerra civil que dura há dois anos no Sudão.

Além disso, a AI denuncia que o “o uso sistemático de violência sexual”, combinado com “muitos ataques ocorridos na presença de outros soldados, vítimas e civis, indica que os perpetradores não sentiram a necessidade de ocultar os crimes ou temem represálias”.

“O horror da violência sexual perpetrada pelas RSF é avassalador, mas os casos documentados entre os refugiados representam apenas uma pequena fração das violações que poderão ter sido cometidas”, afirmou Muchena.

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By Impala News / Lusa

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