Acordo com EUA sobre fundo para reconstrução não garante ajuda militar à Ucrânia
O acordo assinado entre Washington e Kiev para criar um “fundo de investimento para a reconstrução” da Ucrânia não inclui garantias explícitas de futura assistência militar dos EUA, disse a imprensa norte-americana

O Departamento do Tesouro norte-americano anunciou na quarta-feira a assinatura de um acordo que cria o fundo, após semanas de negociações bilaterais sobre o acesso aos recursos naturais ucranianos.
O Governo dos Estados Unidos não divulgou quaisquer detalhes sobre o acordo.
Uma pessoa com conhecimento do processo disse ao jornal New York Times que o documento final não include garantias explícitas de futura assistência militar ou de segurança à Ucrânia.
Uma outra fonte, que também pediu ao jornal para não ser identificada, disse que essa reivindicação, feita por Kiev no início das negociações, foi rapidamente rejeitada pelos Estados Unidos.
Num comunicado, o secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent, sublinhou que “nenhum Estado ou indivíduo que tenha financiado ou fornecido a máquina de guerra russa poderá beneficiar da reconstrução da Ucrânia”.
Horas antes, após uma reunião do Governo, Bessent declarou que os Estados Unidos estavam prontos para assinar o acordo sobre minerais, detalhando que os ucranianos “decidiram [na terça-feira] à noite fazer algumas alterações de última hora”.
Questionado sobre as alterações, o secretário do Tesouro respondeu: “Nada foi retirado. É o mesmo acordo que alcançámos este fim de semana. Não há alterações da nossa parte”.
Num vídeo publicado na rede social X na quarta-feira, Bessent adiantou que “esta parceria permite aos Estados Unidos investir em conjunto com a Ucrânia, desbloquear os ativos de crescimento da Ucrânia (…) [e] acelerar a recuperação económica do país”.
A ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, confirmou à agência de notícias Associated Press que o acordo foi assinado em Washington.
Segundo a AP, os EUA pretendem aceder a mais de 20 matérias-primas da Ucrânia consideradas estrategicamente críticas para os seus interesses, incluindo o titânio, utilizado no fabrico de asas de aeronaves e outras indústrias aeroespaciais, e o urânio, que é utilizado na energia nuclear, equipamento médico e armas.
Uma versão anterior do texto devia ter sido assinada durante a visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca, no final de fevereiro, mas a altercação sem precedentes com Trump em direto da Sala Oval precipitou a partida sem assinar o acordo.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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By Impala News / Lusa
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