Economia de Macau encolhe pela primeira vez em dois anos
A economia de Macau encolheu 1,3% em termos homólogos no primeiro trimestre, a primeira queda desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia, foi hoje anunciado.

Entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau atingiu 99,78 mil milhões de patacas (11 mil milhões de euros), adiantou a Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).
Num comunicado, a DSEC apontou como razões para o decréscimo a “base de comparação relativamente elevada” do primeiro trimestre de 2024 e a “alteração do padrão de consumo dos visitantes”.
O benefício económico dos serviços turísticos – o setor que domina a economia de Macau – caiu 3,8%, apesar de o primeiro trimestre ter sido o segundo melhor de sempre no que toca ao número de visitantes.
De acordo com dados oficiais, Macau recebeu até março 9,86 milhões de turistas, mais 11,1% do que no mesmo período de 2024, mas os visitantes têm gastado menos na cidade.
Os dados mais recentes apontam para uma queda de 14,6% na despesa per capita dos turistas durante o ano passado.
A economia de Macau cresceu 23% no primeiro trimestre de 2024 e terminou o ano a subir 8,8%.
A última vez em que o PIB da região encolheu foi no final de 2022. A China continental – de longe a principal fonte de visitantes de Macau – começou a gradualmente levantar todas as restrições devido à pandemia de covid-19 em meados de dezembro de 2022.
Ainda assim, a DSEC sublinhou que a procura interna esteve “relativamente estável”, com o investimento privado a subir 7,8%, as despesas do Governo a aumentar 1% e o consumo privado a crescer 0,6%.
Em 10 de abril, a Universidade de Macau (UM) reviu em baixa a previsão para o crescimento económico da região, em parte devido ao potencial impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos da América (EUA) na confiança dos turistas chineses.
O Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da UM preveem que o PIB do território suba 6,8%, menos 1,1 pontos percentuais do que na anterior previsão, feita em janeiro.
O coordenador do projeto e economista Kwan Fung disse que a revisão em baixa se deve ao declínio no consumo dos visitantes e às “tarifas norte-americanas sobre o mundo”, algo que “tem impacto indireto na economia de Macau”.
O professor do Departamento de Economia da UM disse que as tarifas vão “afetar o crescimento de todas as economias, especialmente o consumo dos turistas da China continental”.
No início de março, a agência de notação financeira Fitch previu que o crescimento da economia de Macau irá desacelerar para 6,9% este ano, devido a uma recuperação “mais lenta” do turismo e do jogo.
“No entanto, uma desaceleração acentuada da economia chinesa, como os aumentos substanciais das tarifas dos EUA, e uma forte desvalorização do yuan [a moeda chinesa] representam riscos negativos para as perspetivas de Macau”, referiu a Fitch.
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By Impala News / Lusa
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