“A felicidade é composta de pequenos prazeres”, Charles Beaudelaire

De 6 de Fevereiro e 11 de Março decorreram as Semanas de Moda de Pronto-a-Vestir (Prêt-a-Porter) de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris, com propostas para o próximo Outono-Inverno 2025/26. Coleções que surpreenderam, coleções que desiludiram, coleções que fazem sonhar, coleções que inspiram. Escolhi uma frase de Charles Baudelaire (1821-1867), porque foi um fundamental, e pioneiro, crítico de arte, que não ignorava a moda e a importância desta na sociedade de então. Os desfiles são pequenos prazeres de felicidade, porque retenho o que de mais importante considero sobre as propostas sazonais das marcas, que gosto ou que não gosto, no entanto, dada a profissão que tenho devo estar sempre a par das tendências, entre outros assuntos ligados à moda.

As coleções Outono-Inverno 2025/26 tiveram distintos protagonismos, nuns casos mais bem defendidos, noutros mais banais ou mesmo aquém do que poderia ser expectável. Entre os que mais se destacaram, independentemente de gostos pessoais, estão os das marcas Giorgio Armani, Givenchy, Rick Owens, Victoria Beckham, Tom Ford, Ralph Lauren, Moncler, DSquared2, Hermès, Schiaparelli, Alexander McQueen, Dior, Elie Saab, Chanel ou Stella McCartney. Destaco a estreia de Haider Ackermann na Tom Ford, o designer foi escolhido pelo próprio fundador da marca antes de a deixar em 2023. Uma coleção ao nível do que Tom Ford nos habituou, elegante, eloquente, num desfile organizado com detalhe, desde a música ao cenário, tudo pensado para as propostas brilharem.

Espera-se um caminho de sucesso por parte de Ackermann. No caso da DSquared2, 30 anos de celebração, os irmãos Caten brilharam numa coleção a que chamaram de “Obsessed2”. Uma viagem no tempo pelos melhores momentos da marca, um espectáculo divertido e arrojado, fiel ao conceito, com convidados de topo. Os cabedais foram as estrelas, entre outros momentos. Um desfile a ver. No caso da marca dirigida aos amantes dos desportos de neve, a Moncler, voltou a escolher um cenário maravilhoso, no meio da neve, com os convidados vestidos a preceito, estava frio e a nevar, a coleção demarcou-se na qualidade quer das materiais quer das peças criadas. Outra das grandes estreias foi a de Sarah Burton na Givenchy, depois de ter saído da Alexander McQueen, após ter feito um trabalho de louvar, Burton mostra que tem o conhecimento e o talento para estar na Givenchy. Cada peça, arquitectonicamente construída, a paleta de cores bem conjugada, os detalhes bordados primorosamente feitos, a designer inglesa está à altura do desafio. E outra inglesa que tem mostrado que é mais do que uma cara bonita, e uma ex-Spice Girl, Victoria Beckham mantém o seu estilo bem demarcado, elegante e simultaneamente contemporâneo, através de sugestões que respiram consistência e talento. Os apreciadores de marcas mais clássicas, como a Hermès, não ficaram desiludidos com a nova coleção, porque o grande segredo está na forma como se respeitam as origens e se consegue apelar ao estilo intemporal com um demarcado cunho de atualidade. Beleza é a prerrogativa da marca francesa. E a terminar, destaco a irreverência de Rick Owens, um designer que explora o seu universo sem nunca fugir da linguagem irreverente e provocadora, que tão bem o caracterizam. Explicar por palavras o que é o seu trabalho, é ficar aquém do que o representa e do que o influencia.

Texto: Catarina Rito; Fotos: D.R. – Reprodução Instagram marcas oficiais

Notícia www.vip.pt

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