“Boa noite! Hoje, 20 de fevereiro de 1993, nasce a Televisão Independente.” Foram estas as primeiras palavras ouvidas na TVI e quem as pronunciou foi Clara de Sousa, que deu o pontapé de saída do segundo canal privado em Portugal. Muitos se recordam deste momento como se tivesse sido ontem, mas a verdade é que a TVI já completa 32 anos. Para assinalar a data, a NOVA GENTE selecionou outras tantas caras que marcaram o canal ao longo destas mais de três décadas, divididas por categorias: ficção, informação, entretenimento e reality shows.

Além dos profissionais referidos nestas páginas, existem muitos outros indissociáveis da estação de Queluz de Baixo – como José Eduardo Moniz, diretor-geral da mesma – e Nuno Santos – atual diretor de Informação (acumulando com a CNN Portugal), mas que já tinha desempenhado funções como diretor de Programas –, nas áreas anteriormente mencionadas.

As personagens que ninguém esquece

Em abril de 2005, Alexandra Lencastre estreava-se nas novelas da TVI com Ninguém Como Tu. O seu papel na história de Rui Vilhena continua a ser um dos mais importantes da carreira da atriz e da ficção do canal. As reviravoltas na trama conquistaram espetadores, conferindo-lhe o estatuto de um dos maiores sucessos da nossa dramaturgia. Tanto que, ainda este ano, a estação vai emitir um remake. Para a artista, até então vista como um sex symbol, a personagem Luiza Albuquerque “foi a primeira antagonista que teve o carinho do público”.  

Tiago Castro com o seu Crómio foi outra das figuras mais queridas, neste caso de Morangos com Açúcar (2004, 2005 e 2023). Enquanto Pedro Alves interpretou Bino, personagem de destaque em Festa É Festa (2021-2025), novela que marcou uma mudança na ficção da TVI, Paula Neves conquistou uma legião de fãs com a sua Trinca Espinhas em Anjo Selvagem (2001-2003); Duarte Gomes e Pedro Carvalho romperam estereótipos ao interpretarem o primeiro casal homossexual numa novela (O Beijo do Escorpião, de 2014); Fernanda Serrano surpreendeu em Queridas Feras (2003) – para a qual rapou o cabelo –, Rita Pereira ajudou a destronar Floribella, da SIC, com a sua Estrelinha em Doce Fugitiva (2006) e Sofia Alves provou ser uma atriz de excelência ao interpretar dois papéis – as gémeas Leonor e Luísa – em Olhos de Água (2001).

Eles marcaram o mundo das notícias

Clara de Sousa é um nome indissociável da história da TVI. A jornalista (atualmente na SIC) foi escolhida para dar início à primeira emissão e foi ela quem, durante os seguintes três anos, conduziu o bloco de notícias Informação 4. No que toca a esta área, a estação contou com muitos outros nomes marcantes, como Judite Sousa: em 2011, depois de 30 anos na RTP, rumou à TVI, onde chegou a desempenhar funções de subdiretora de Informação. Pivô do Jornal das 8, mediou o espaço de comentário de Marcelo Rebelo de Sousa (que o atual Presidente da República abandonou em 2015, aquando da sua candidatura a este cargo). 

Também José Alberto Carvalho, Júlio Magalhães e José Carlos Castro deram a contracena a Marcelo durante os 15 anos em que este deu, aos domingos, a sua opinião política na antena de Queluz de Baixo.

Já Manuela Moura Guedes e Sandra Felgueiras destacaram-se pelo sua postura mais corrosiva. A primeira esteve envolvida numa polémica com o antigo primeiro-ministro José Sócrates, a qual ditou a sua saída da TVI. A segunda tem sido autora de várias reportagens de investigação, incluindo ao primeiro-ministro, António Costa, e ao Presidente da República.

Paula Magalhães faz parte da equipa fundadora da TVI e destacou-se em cobertura de eventos, como a morte de Sá Carneiro, o incêndio do Chiado e a segunda visita a Portugal de João Paulo II.

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São eles que dão rosto aos programas que nos divertem

Se há figura que marcou o mundo do entretenimento no pequeno ecrã ao longo de 32 anos de TVI é Teresa Guilherme. A então maioritariamente produtora deu rosto à estreia em Portugal do formato reality show (em 2000, com Big Brother, programa que a SIC tinha anteriormente recusado e que Queluz de Baixo ainda hoje capitaliza). Este viria, por sua vez, a mudar a forma como a televisão era feita no nosso país – do qual é exemplo o icónico concurso A Amiga Olga (1993-1994), conduzido por Olga Cardoso, que imortalizou a expressão “as chaves ou o dinheiro”.  

Entre as dezenas de figuras que passaram por projetos cuja função principal é divertir, destaque também para João Kléber e o seu Fiel ou Infiel (2005-2007), que servia para testar a fidelidade (ou infidelidade…) de vários casais e que serviu de palco a cenas inéditas e, à época, bem arrojadas. 

Manuel Luís Goucha, veterano que assumiu ter “rejuvenescido” desde que formou dupla, entre 2004 e 2019, com Cristina Ferreira no extinto Você na TV!, é hoje um dos mais conceituados apresentadores da nossa televisão. Júlia Pinheiro, que “rivalizou” com Teresa Guilherme como anfitriã de reality shows, mudou-se para a SIC, mas as suas impressões digitais ficaram impressas no canal, onde foi anfitriã de vários reality shows. 

Já Fátima Lopes, que protagonizou as tardes da TVI entre 2011 e 2020, deu que falar quando se mudou da SIC (onde tinha “nascido”) e quando abandonou Queluz de Baixo por estar “cansada” de programas diários. 

Também Cláudio Ramos contribuiu para a história da estação. Depois de vários anos como comentador de assuntos do mundo cor-de-rosa, cumpriu na TVI o sonho de se tornar anfitrião principal dos programas da manhã.

E, claro, Cristina Ferreira, atual diretora de Entretenimento e Ficção do canal e acionista da Media Capital. A malveirense não só é uma das figuras mais influentes da televisão portuguesa como a personalidade do pequeno ecrã que mais dinheiro recebe. E, desde há vários anos, é uma das que mais têm dado que falar.

Os protagonistas das “novelas” da vida real

Atelevisão mudou com a estreia do Big Brother, em 2000, assim como a vida de Zé Maria. O alentejano, vencedor dessa primeira edição, não conseguiu lidar com o sucesso e optou por se recolher do mundo público. Ainda assim, e apesar de quase não aparecer desde então, continua a ser um ícone dos reality shows. Dessa primeira edição é impossível esquecer o casal Marta Cardoso e Marco Borges – ela é hoje apresentadora em Queluz de Baixo e ele protagonizou o famoso pontapé numa outra concorrente, um dos momentos mais marcantes da história dos reality shows em Portugal, que chegou a merecer honras de abertura do Jornal da Tarde no dia da recandidatura de Jorge Sampaio à Presidência da República. 

Mais recentemente, Sofia Sousa marcava a história destes formatos. Ficou conhecida em Casa dos Segredos 4 por “mãe guerreira” e com ela moveu uma legião de espetadores, tendo sido a primeira vez que uma concorrente conquistou um grupo de fãs gigante. O mesmo aconteceu com Cátia Palhinha, que Herman José chegou a caricaturar nos seus programas de humor e que apaixonou os portugueses com a sua ingenuidade. E ainda com Fanny Rodrigues, ainda hoje uma das concorrentes mais queridas – e explosivas – de programas de vida real. A “belle portugaise” tornou-se entretanto apresentadora da TVI, continuando a acumular fãs.

Destaque ainda para Marco Costa, que conseguiu impulsionar o seu sucesso como pasteleiro, abrindo uma loja em que as tortas de laranja são um verdadeiro sucesso.

Mas falar de reality shows é também falar de José Castelo Branco, que entrou em vários programas deste género e deu sempre nas vistas, e ainda de Bruno de Carvalho, cuja participação no Big Brother 2022 lhe deu a conhecer o amor (casou-se com Liliana Almeida, de quem entretanto se divorciou) e o colocou no centro de várias polémicas, incluindo acusações de violência doméstica. Aliás, o ex-presidente do Sporting Clube de Portugal entrou há cerca de uma semana na atual edição de Casa dos Segredos – Desafio Final e já começou a dar (novamente) que falar.

Momentos mais polémicos dos reality shows da TVI

Texto: Ana Filipe Silveira e Luís Duarte Sousa; Fotos: Impala/Redes Sociais/TVI

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